"Nenhuma regra moral genérica pode indicar o que devemos fazer; não existem sinais outorgados no mundo. Os católicos replicarão: "Mas claro que há sinais". Admitamos, sou eu mesmo, em todo caso, que escolho o significado que eles têm. Quando eu estava preso, conheci um homem impressionante, que era jesuíta. Ele tinha entrado na ordem da seguinte forma: havia passado por uma série de infortúnios bastante dolorosos; ainda criança, seu pai foi morto, deixando-o pobre. Ele foi recebido como bolsista em uma instituição religiosa onde constantemente lhe repetiam que ele tinha sido aceito por caridade; consequentemente, ele não recebeu muitas das distinções honoríficas com que as crianças são gratificadas; depois, por volta dos dezoito anos, - coisa pueril, mas que foi a gota d'água que fez o vaso transbordar - ele foi reprovado em sua preparação militar. Portanto, esse rapaz podia achar que tudo tinha dado errado para ele; era um sinal, mas um sinal de quê? Ele podia refugiar-se na amargura ou no desespero, mas avaliou, muito habilmente para seu próprio bem, que esse era o sinal de que ele não fora feito para os triunfos seculares, e que só os êxitos da religião, da santidade e da fé é que estavam ao seu alcance. Assim, viu nisso uma mensagem divina e ingressou nas ordens. Quem não vê que a decisão do sentido do sinal foi tomada exclusivamente por ele?"

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About Jean-Paul Sartre

Jean-Paul Charles Aymard Sartre (21 June 1905 – 15 April 1980), normally known simply as Jean-Paul Sartre, was a French existentialist philosopher, dramatist and screenwriter, novelist, and critic. He had an enduring personal relationship with fellow philosopher Simone de Beauvoir.

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Additional quotes by Jean-Paul Sartre

Gesti, gesti, piccole distruzioni, che cosa significano, io ho creduto che questa fosse la libertà.

I exist. It's sweet, so sweet, so slow. And light: you'd think it floated all by itself. It stirs. It brushes by me, melts and vanishes. Gently, gently. There is bubbling water in my throat, it caresses me- and now it comes up again into my mouth. For ever I shall have a little pool of whitish water in my mouth - lying low - grazing my tongue. And this pool is still me. And the tongue. And the throat is me.